A diretora do foro da Justiça Federal do Espírito Santo (JFES) do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), juíza federal Cristiane Conde Chmatalik, participou, na última terça-feira (21/7), de live promovida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), por meio de seu laboratório de inovação, AMBLab, onde falou sobre os laboratórios de inovação e sua presença no Poder Judiciário.
Acompanhando a magistrada, estava a também juíza federal Priscilla Corrêa, da Justiça Federal do Rio de Janeiro e coordenadora da Justiça Federal na AMB, que abriu a live discorrendo sobre o papel dos centros de inteligência que requerem uma ação pró-ativa com os diversos atores, até como forma de identificar possíveis conflitos de massa e propor ações para que eles sejam resolvidos – seja por mediação ou conciliação – antes de se judicializarem. Para isso, os centros têm se valido muito dessas tecnologias inovadoras e na formação em metodologias como a do Design Thinking.
Novo design institucional
Um dos papeis dos centros de inteligência será justamente “buscar por um novo design institucional, com o avanço do uso de ferramentas de inteligência artificial, sem deixar de pensar no problema da desigualdade digital, percebido especialmente durante o trabalho remoto”, afirmou Cristina Conde.
A diretora do foro da JFES fez uma retrospectiva do surgimento dos laboratórios de inovação, lembrando que o Laboratório da Justiça Federal de São Paulo (iJuspLab) talvez tenha sido o primeiro do mundo inaugurado no Poder Judiciário. Ela destacou o papel da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), na criação dos laboratórios e na realização de Fóruns de Inovação e Gestão Administrativa (Fonage), já na quinta edição, que fomentam e divulgam ações inovadoras da Justiça Federal.
Espírito Santo
Falando sobre a cultura de inovação na Justiça Federal capixaba, a juíza destacou que “esse espaço coletivo de discussão o e co-criação com o uso de novas ferramentas começou, na JFES, em 2017, apesar do laboratório em si só ter sido inaugurado em maio de 2018”. “Fizemos um evento de lançamento e ali eu descobri talentos”, ressaltou. “Hoje, o laboratório usa um espaço virtual. Nele realizamos encontros periódicos do que eu chamo de iTeam, um grupo multidisciplinar, com servidores com formação em Comunicação, Engenharia, Informática etc.”
Tecnologia
Apesar de algumas vezes precisar de apoio da tecnologia, “o laboratório de inovação não é um laboratório de tecnologia”. O “foco é no ser humano, é ele quem está no centro”. “Buscamos um novo modelo de prestação de serviço.”
Um exemplo dessa busca, citado pela juíza, foi o projeto da Brigada e-Proc, surgido na ocasião da implantação do sistema processual e-Proc na JFES. A Brigada e-Proc era formada por servidores próximos, às vezes da mesma vara, que auxiliavam outros servidores com dificuldades no uso do sistema.
Outros projetos
Assim como houve esse, outros projetos que iniciaram em 2018 sofreram atualizações vêm funcionando até hoje. Esse é o caso, por exemplo, do projeto “Fale com a Ju”, nascido para avaliação do atendimento da JFES em tablets disponibilizados nos prédios da Justiça e hoje adaptado para dar dicas no Instagram e auxiliar o usuário externo do Primeiro Atendimento e do e-Proc, mediante uso de Chatbot no Whatsapp. O Chatbot, aliás, foi criação da diretora da Secretaria Geral, Neidy Torrezani, e também desenvolvido no laboratório de inovação.
Cabe destacar que essa mudança de mentalidade já vinha acontecendo na JFES, por exemplo, com o processo de digitalização do acervo físico, iniciado na gestão do juiz federal Fernando Mattos na direção do Foro. Dessa forma, a JFEs tem conseguido pensar questões de forma desburocratizada e está conseguindo “superar inúmeras dificuldades durante o trabalho remoto, especialmente relacionadas ao atendimento do usuário externo”, assegurou a diretora do foro.
Repensar e inovar
No entanto, várias questões ainda precisam ser pensadas, “precisamos repensar tudo e sensibilizar a alta administração, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, que “aliás, merece ser parabenizado pela disponibilização do Cisco Webex Meetings para o uso de reuniões, audiências e sessões”.
“Inovar não é a busca de soluções rápidas, precisamos ter visão de longo prazo, visão do futuro, daquilo que você pretende a longo prazo, buscar alternativas para a melhor prestação do serviço. A inovação exige essa mudança de postura para todos. Ela começa de dentro, as pessoas têm que mudar primeiro e é muito importante essa mudança de mentalidade”.
Ao final, as juízas parabenizaram a AMB, pela criação do espaço virtual AMBLab, que, segundo a diretora do foro da JFES, “pode vir a ser um Hub, com conexão para vários laboratórios”, os Centros de Inteligência do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, e o CNJ, que atua através de seu laboratório, o LIODS, em parceria com os centros para a promoção dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: JFES/TRF2