A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) realizou, nesta segunda-feira (26/11), reunião com os diretores das instituições de ensino federais e estaduais dedicadas à qualificação e à capacitação de magistrados. O evento foi conduzido pela nova diretora-geral da Enfam, ministra Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça, que apresentou um diagnóstico sobre a atual situação da Escola e expôs os principais projetos para o biênio 2012-2014. A ministra tratou, entre outros temas, da implantação das inovações previstas pela Resolução n. 159 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Essa resolução do CNJ transforma as escolas de magistratura em uma unidade orçamentária autônoma, o que tornará o diretor-geral um ordenador de despesa – até então, essa função cabia à diretoria do tribunal com o qual a instituição de ensino estava vinculada.
A ministra Eliana Calmon destacou a relevância do encontro com os dirigentes – primeira grande iniciativa pública da Enfam sob seu comando. “É importante que este primeiro encontro se dê diretamente com os diretores, pois são vocês que vivenciam o dia a dia das escolas. São vocês que estão com a mão na massa e podem nos ajudar a aprimorar o sistema de qualificação dos magistrados como um todo”, afirmou.
Projetos – Participante do grupo de trabalho instituído em 2005 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para elaborar o modelo de funcionamento da Enfam, a ministra explicou o funcionamento dos projetos iniciais de sua gestão (ver abaixo) e solicitou aos dirigentes estaduais e federais sugestões para o bom andamento dos trabalhos.
Além de se comprometer com maior presença na coordenação das ações da Enfam, outra medida adotada pela ministra fortaleceu o peso institucional da Escola: a nomeação do juiz auxiliar Ricardo Chimenti, que atuará como elo no relacionamento com as demais escolas de magistrados.
Apesar de ter encontrado a Enfam em situação de “grande dificuldade”, Eliana Calmon se mostrou otimista com o futuro da instituição, sobretudo a partir de um alinhamento mais produtivo com as congêneres estaduais e federais. Para tanto, comprometeu-se a trabalhar em parceria permanente com as instituições, procurando sanar falhas que atrapalhavam essa relação, tais como o mau funcionamento do site da Enfam e a morosidade na análise e no credenciamento de cursos.
Qualificação – O diretor-geral da Escola de Magistratura do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, com sede em São Paulo, juiz Mairan Gonçalves Maia, disse estar otimista com a iniciativa da Enfam de procurar os dirigentes para unificar as posições e construir maior harmonia no sistema de instituições dedicadas à qualificação dos magistrados.
Abaixo, segue um resumo dos cinco projetos principais da Enfam para o biênio 2012-2014, apresentados pela ministra Eliana Calmon para os dirigentes das escolas de magistratura.
Novos Projetos
– Iniciação Vocacional: projeto voltado aos estudantes de Ensino Médio da rede pública e da privada de todo o País. O objetivo é fornecer conhecimentos teóricos e práticos sobre a estrutura e o funcionamento da Enfam, bem como de instituições semelhantes. No curso, os estudantes aprenderão os detalhes do funcionamento do Poder Judiciário brasileiro, perceberão que o conhecimento é algo que devemos buscar de forma permanente e compreenderão a importância do papel do magistrado para o bem estar social.
– Introdução da Disciplina “Magistratura – Vocação e Desafios” nos 89 cursos de Direito que possuem o selo de qualidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): A matéria, de caráter eletivo, procurará apresentar aos estudantes de Direito a real extensão da atividade judicante e seus desafios na atualidade, promovendo, assim, uma reflexão sobre a importância da vocação na vida profissional e pessoal do magistrado.
– Curso de Iniciação Funcional para Magistrados: o projeto pretende trazer a Brasília, para um período de treinamento intensivo, magistrados estaduais e federais recém-ingressados na carreira. O objetivo é lhes apresentar, in loco, o sistema institucional brasileiro, destacando a dimensão das instituições com as quais os magistrados, ao longo de suas carreiras, terão de interagir mais continuamente. “O magistrado faz parte de um sistema, ele não atua isoladamente. Ele é parte de um todo e tem de conhecer de maneira mais clara o contexto no qual está inserido”, explica a ministra Calmon. Além da inserção institucional, esse curso procurará dar conhecimentos acerca de administração, cooperação e gestão aos novos magistrados.
– Difusão e Compartilhamento de Práticas Eficientes do Poder Judiciário: curso teórico e prático baseado no mapeamento das principais dificuldades de varas que enfrentam sobrecarga de trabalho. O objetivo é instituir mecanismos de efetiva cooperação de recursos humanos e materiais para aperfeiçoar as atividades judiciárias e melhor atender a sociedade brasileira.
– Inclusão Digital de Masters: O projeto objetiva ampliar o conhecimento dos magistrados com mais de 35 anos de idade acerca dos usos das novas tecnologias. Haverá especial ênfase nos sistemas em implemetação pelo Judiciário, como o Processo Judicial Eletrônico, e na utilização das redes sociais como instrumento de trabalho.
Da Enfam