O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará marcou para quarta-feira da próxima semana (15/2) a realização de júri popular para julgar Silvio Pereira do Vale da Silva, motorista, e Pedro Cláudio Duarte Pena, cabo da Polícia Militar do Estado, acusados de integrar um dos grupos de extermínio que atuavam em Fortaleza. Os dois são acusados de participar do assassinato de Lenimberg Rocha Clarindo, com vários tiros, na noite do dia 18 de julho de 2006.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, na manhã daquele dia o policial Claudionor Pereira da Silva fora assassinado por assaltantes. Logo um grupo de policiais saiu à procura dos criminosos, identificados como Abel de Araújo Soares, Antonio Wagner da Silva Soares e o adolescente Rômulo Alves da Silva. O adolescente foi preso e levado à Delegacia da Criança e do Adolescente, onde morreu horas depois.
O grupo continuou à procura dos outros dois. Como Lenimberg era muito parecido com Abel, conhecido assaltante da região, os matadores o confundiram com Abel: oito policiais invadiram a casa de Lenimber à noite o mataram com vários tiros.
A investigação dos grupos de extermínio no Ceará contou com a participação da Polícia Federal, já que policiais estaduais estavam envolvidos e dificultavam a apuração. O caso a ser julgado na quarta-feira é acompanhado de perto pela Corregedoria Nacional de Justiça por meio do Programa Justiça Plena. Além de solicitar informações sobre o andamento do processo, a Corregedoria oferece apoio aos magistrados e tribunais para dar celeridade ao julgamento. Com o Justiça Plena, a Corregedoria ajuda a remover entraves que estejam atrasando o trâmite normal do processo, explica Eliana Calmon.
Há, porém, outros processos contra grupos de extermínio no Ceará incluídos no Justiça Plena. Um deles é o do grupo era formado por policiais militares e ex-policiais, chefiados pelo major José Ernane de Castro Moura, segundo a denúncia do Ministério Público.
Os promotores relatam que o grupo fazia a segurança de empresas e até de instituições públicas. Entre os contratantes estaria a rede de Farmácia Pague Menos, que sofria com assaltos e furtos. O grupo entrou em ação e passou a assassinar os responsáveis pelos roubos. As vítimas eram mortas nos arredores das lojas da Pague Menos, quando não morriam dentro da própria farmácia.
A investigação dos grupos de extermínio no Ceará só foi possível com a entrada da Polícia Federal no caso, já que os policiais envolvidos dificultavam a apuração. De acordo com a ministra Eliana Calmon, corregedora Nacional de Justiça, a investigação desse tipo de crime sempre é difícil.
Gilson Luiz Euzébio
Agência CNJ de Notícias
Matéria atualizada às 19h50, de 10 de janeiro de 2012