Mutirão carcerário de Sergipe já libertou cerca de 700 presos

Compartilhe

Cerca de 700 pessoas já foram libertadas pelo mutirão carcerário que está analisando os processos de todos os presos provisórios e condenados que cumprem pena em presídios de Sergipe. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Tribunal de Justiça do Estado (TJSE) e visa garantir o cumprimento da Lei de Execuções Penais, além de evitar eventuais irregularidades, como pessoas presas além do tempo estipulado em pena. O mutirão também está contribuindo para desafogar os presídios do  estado que sofrem sérios problemas resultantes da superlotação.

“A situação é preocupante, a superlotação da grande maioria das unidades prisionais é evidente, além de revelarem uma estrutura física muito precária e condições mínimas de higiene”, ressaltou o juiz estadual da Bahia, Ricardo Schmitt, que está coordenando o mutirão em Sergipe por indicação do CNJ. Ao todo, 2.436 processos de presos provisórios e condenados do  estado já foram revisados pela equipe do mutirão, o que resultou na concessão de 798 benefícios previstos na Lei de Execuções Penais. Além das liberdades, foram concedidos progressões de pena, direito à trabalho externo e visita periódica ao lar.

A equipe do mutirão também libertou 26 adolescentes em conflito com a lei que cumpriam medidas  socioeducativas ou de internação em Sergipe, como resultado da análise de 124 processos de Varas da Infância e da Juventude. Ao todo participam do mutirão 12 Juízes, oito Promotores de Justiça, 16 Defensores Públicos, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, além de assessores técnicos e oficiais de Justiça do TJSE. Desde o início do mutirão, que começou em agosto, a situação de todos os presos que ainda aguardam julgamento já foi revisada. Na última semana, o grupo começou a análise dos 1.100 processos virtuais de presos condenados que cumprem pena em presídios sergipanos.

Presídio interditado – Como parte dos trabalhos do mutirão, o juiz Ricardo Schmitt inspecionou cinco delegacias de polícia, um estabelecimento para adolescentes e sete unidades prisionais da capital e do interior de Sergipe.  O resultado foi a interdição parcial do Presídio do município de Areia Branca, destinado a presos do regime semi-aberto. A entrada de novos detentos na unidade foi proibida, dada a falta de estrutura para abrigá-los. Na unidade, o juiz encontrou celas improvisadas construídas pelos próprios presidiários. “Paralelo a isso, também estamos fazendo um trabalho para limpeza desta unidade”, complementou Schmitt.

A situação das delegacias de polícia, que abrigam presos no  estado, é outro ponto que está sendo verificado pelo mutirão. “Elas não possuem nenhuma condição para abrigar presos, além de estarem desvirtuando suas funções”, explicou o juiz. Em uma delegacia da Comarca de Itabaiana, seis presos dividiam uma cela com cerca de três metros quadrados, sem água, banheiro ou colchão, nem direito a banho de sol ou visita. Como resultado das inspeções, o juiz da 7ª Vara Criminal de Aracaju, Hélio de Figueiredo Mesquita Neto determinou a interdição parcial de todas as delegacias de Sergipe. De acordo com a portaria, no prazo de 10 meses a contar a partir do dia 1º de novembro deste ano, todos os detentos alojados em delegacias devem ser transferidos para estabelecimentos penais adequados  Clique aqui para ver a íntegra da portaria.

 

MB/ SR

Agência CNJ de Notícias