Zoé Gruni é artista plástica e mãe do Libero. Ela dedicou parte de suas segundas-feiras a atividades na escola do filho, brincando de argila com todas as crianças. A agrônoma e capoeirista Ana Loreta, mãe da Aurora, ensinou regularmente a luta para as crianças da mesma escola. Luciane e Francisco, pais do Martin, decidiram apresentar teatro de bonecos para as crianças. Nenhum deles é pedagogo ou teve qualquer experiência formal com Educação Infantil, mas participam ativamente das atividades escolares de seus filhos em um projeto inovador criado pela escola carioca Atelier Cata-ventos.
A iniciativa obteve a maior pontuação na categoria Empresas da chamada pública para seleção, premiação e disseminação de boas práticas relacionadas à primeira infância promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Propomos uma mudança da relação entre a escola e as famílias: a substituição da relação consumista e mercadológica, por uma relação harmoniosa e de parceria através das vivências de capoeira, argila, histórias, música, culinária, motricidade e horta, oferecidas pelos pais das crianças”, explicam as coordenadoras do projeto Rachel Pepe Reis e Mariana Flores. Elas destacam que o contato diário das famílias com a escola é uma relação que só tem a contribuir, além de mostrar para as crianças um pouco do trabalho dos pais.
Localizada em uma casa no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, a escola atendia, em 2019, cerca de 45 crianças entre 1 e 5 anos e 11 meses. “Por muito tempo, as instituições ‟família” e ‟escola” trabalharam de maneira separada, consideradas territórios diferentes. Mas, com o passar dos anos, tanto a escola como a família perceberam a necessidade de trabalharem em comum, com a finalidade de contribuir para o aprendizado da criança, e é nessa perspectiva que a Cata-ventos se apresenta”, explicaram as coordenadoras.
Para a mãe de Aurora, Ana Loreta, a experiência na Cata-Ventos tem sido muito valiosa, tanto nos aspectos pessoais quanto no profissional. “Foi a partir da Cata-ventos que me inseri no mercado de trabalho com a capoeira na Educação Infantil, mesmo não sendo na minha área. Com a Cata-ventos eu consigo participar da rotina da escola e traz mais proximidade com a minha filha”, descreveu.
Prêmio
A premiação é um dos desdobramentos do projeto “Justiça começa na Infância: Fortalecendo a atuação do Sistema de Justiça na promoção de direitos para o desenvolvimento humano integral”, coordenado pelo CNJ e financiado pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (CFDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O objetivo é favorecer o cumprimento do Marco Legal da Primeira Infância (Lei 13.257/2016), reconhecer e dar visibilidade às práticas de sucesso que contribuíram para elevar o patamar de excelência na promoção de direitos e atenção à primeira infância e promover a disseminação e o fomento do conhecimento relacionado às boas práticas referentes à atenção e à promoção do desenvolvimento na primeira infância.
Em nova etapa, as boas práticas estão sendo disseminadas por meio de cursos. Também está sendo disponibilizado material informativo sobre as práticas aos interessados em replicá-las.
Paula Andrade
Agência CNJ de Notícias